quarta-feira, 25 de julho de 2007
quinta-feira, 12 de julho de 2007
Há coisas fantásticas, não há?!
A autora não esconde uma pontinha de surpresa diante daquilo a que chama a "nova moda". Ao longo de oito páginas é descrita, com pormenor, a feminina descoberta das one night stands. A reportagem só peca por não enquadrar este novíssimo comportamento com uma outra descoberta, desta feita masculina, há uns largos milhares de anos, a "quero-te-comer-mas-sem-ter-que-ser-teu-namorado". Há historiadores que insistem na tese de ter sido o próprio Adão o inventor desta "nova moda", farto que estava da Eva e cheio de vontade para experimentar as primas Iva e Ava.
Esta masculina actividade foi severamente reprimida por todas as éticas e Estados vigentes no planeta (salvo durante uns curtos meses em Portugal, era primeiro-ministro Pedro Santana Lopes).
Apelidada de sacanice, inconsequência, imaturidade e outros predicados que tais, a "nova moda" masculina foi sendo mantida viva em comunidades mais ortodoxas e celebrada em catacumbas de má fama.
Hoje, os one night stands - sim, porque em inglês tem mais classe - foram tomados de assalto pelas mulheres. Pelo menos é o que nos garante Tânia Pereirinha. Eu gosto destas inversões, que transformam a sacanice em algo de muito moderno e in.
Felizmente a natureza, na sua imensa sabedoria, já tratou de equilibrar os pratos da balança.
Por cada mulher que se decide a sair à noite para comer o homem-do-dia, a natureza instala num homem uma dúvida terrível: escolho o esfoliante da Clarins ou da Body Shop.
quarta-feira, 11 de julho de 2007
vermelho redundante
O Carlos Tê só podia estar a pensar na Joana Amaral Dias quando escreveu isto para o Palma. Pensem nela, ouçam a canção e vejam se o Carvalho da Silva não começa a parecer mais fofinho, se não dá vontade de deixar de tomar banho, comprar um daqueles panos da louça que os palestinianos usam ao pescoço e ir para a rua tocar djambé. Como já perceberam a conjunção desta música com a imagem da Joana Amaral Dias pode provocar alucinações. Nesses casos lembrem-se que ela também tem hormonas e sofre de TPM como as outras. Não falha.
"Vermelho Redundante"
eu só quero ver o instante
em que chegas à manif
no teu Armani flamejante
qual vermelha passadeira
em vermelho redundante
que empalidece a bandeira
gritando slogans na rua
pela divisão da riqueza
enquanto nos gabinetes de veludo
o poder treme e recua
com medo da tua beleza
soneto de alta costura
a mais chique maravilha
para me sentir perdoado
por não poder estar a teu lado
quando tomares a Bastilha
habibati*
O casalinho que namora na cabeça deste blogue é da autoria de Craig Thompson, um autor de Banda-Desenhada do Michigan.
Thompson é autor de Blankets, um dos meus livros preferidos e ponto final.
Para muita gente a BD é ainda uma arte menor e acaba atirada para um canto, como um enorme saco onde cabem os Batman's, Mickey's, Tintin's e companhia.
Felizmente que a BD é muito mais do que isso, e a BD independente norte-americana é muito mais do que isso.
Em Blankets Craig assume um relato autobiográfico para dar a conhecer os contornos de uma educação cristã evangélica muito severa, seguida do advento de um amor complexo.
Esta é uma novela gráfica, com cerca de 500 páginas, que não fica nada a dever a muito romance sério editado em Portugal. Foi dos primeiros livros onde vi um homem da minha geração a sofrer, como deve ser, por amor.
Craig já anunciou que vai voltar às novelas gráficas com Habibi (que quer dizer, em árabe, meu amado).
*minha amada
terça-feira, 10 de julho de 2007
as filhas do crocodilo
(clique na imagem para aumentar)
Esta foi a minha primeira imagem de Timor. Duas meninas a brincar no mar de Dili. E dois enormes sorrisos. O velho crocodilo, por quem cantamos e que gostamos de usar na lapela da luta pelos direitos humanos, é como duas meninas a brincar na praia.
É pequenino, moreno, profundamente inocente e de sorriso rasgado.
O seu único, e verdadeiro, património vive nos rostos das crianças e velhos. Nos primeiros a esfuziante certeza de que ainda há paraísos na terra. Nos segundos a orografia de um passado violento e amargo, que não admite mais erros.
venci os transformers
Ao fim de três semanas, voltei a ter internet e telefone em casa. Para quem faz mil e uma coisas, ao mesmo tempo, a única ligação, plausível, ao mundo faz-se por cabo ou adsl.
Escusado será dizer que sofri e penei nestas últimas semanas. Para ajudar à festa consolei-me a ouvir a colectânea “As mais belas músicas em midi para empatar gajos que ligam para call centers – 2005”, quem em estrangeiro se intitula “Now What!?”.
Lá consegui marcar com um técnico para resolver a avaria. Depois de ele me ter convencido a trocar todos os aparelhos e cablagens, com a respectiva encomenda confirmada, eis que se fez luz. A mulher-a-dias, contemporânea de Pedro Álvares Cabral, nas suas lides domésticas, tinha decidido trocar todos os transformadores.
Para completar o quadro, uma parte substancial dos meus livros desesperou e lançou-se do alto das prateleiras.
Há dias em que me divido entre a vontade de chutar as pilhas de livros do escritório ou esganar esta cópia mal amanhada do infante D. Henrique que me faz as limpezas.
segunda-feira, 9 de julho de 2007
desmatar os lábios
"Para entrar em estado de árvore é preciso
partir de um torpor animal de lagarto às
3 horas da tarde, no mês de agosto.
Em 2 anos a inércia e o mato vão crescer
em nossa boca.
Sofreremos alguma decomposição lírica até
o mato sair na voz .
Hoje eu desenho o cheiro das árvores."in "Compêndio para uso dos pássaros", de Manoel de Barros, Quasi